quinta-feira, agosto 06, 2009

A falecidade

Caro e-leitor (e não eleitor), bem vindo ao primeiro blog reactivo que não reage com coisa nenhuma.

Dois anos sem qualquer tipo de actividade, pois estas coisas da escrita fazem-se de comas súbitos e despertares inesperados.

A vida corre assim ao jeito de quem tenta acompanhar o tempo que parece que vai de mota, e portanto alguma coisa tem que ser deixada para trás. Não pretendo de forma alguma fazer destes 5 metros quadrados de espaço cibernético que me pertencem, um local de cultivo diário, nem tão pouco mensal, mas numa altura em que me devia preocupar com coisas mais importantes dou por mim aqui caído, qual sementinha dispersa pelo vento.

O Verão é, sem dúvida, a altura do ano em que as pessoas, na generalidade, se sentem mais alegres, mais vivaças, digamos, mais felizes. Uma época em que a dita felicidade nos invade, os amores, os one-night-stand (ou laid conforme o caso), sol e calor p'ra cabeça, festas, enfim, setecentos milhões de argumentos que poderíamos enumerar até ao infinito.

Por outro lado, nem tudo é bom, escaldões, alforrecas, congestões, indigestões e outras questões menos felizes. E é precisamente quando a menor felicidade nos atinge, ou a outros, que eu pretendo abordar e introduzir ao mundo uma expressão que eu creio que tenha tudo para crescer e quem sabe um dia figurar nesses dicionários de pretoguês ou pelo menos no Magalhães, falo pois então da falecidade.

E dir-me-á o caríssimo "Ui, mas essa já conheço eu!", sorte a sua caro e-leitor que estou cá eu para lhe dizer que de facto não conhece, poderá ter ouvido outras parecidas, mas que em verdade lhe digo nada terão a ver, se não vejamos:

Felicidade
Falsidade
Falecida

Chegamos pois então ao cerne da coisa. As pessoas falecem, uns hoje, outros amanhã, alguns várias vezes, e outros teimam em não falecer ninguém sabe bem porquê. Dado que sou ignorante, dou por mim a pensar que, num estado em que estou feliz, transmito portanto, felicidade, mas por ventura, num estado em que permaneça falecido, transmito o quê? Nesse sentido, pretendo colmatar essa falha com a introdução no léxico português (estou disponível para negociar eventuais traduções para outras línguas) da palavra falecidade.

A sua utilidade é, à primeira vista, praticamente infinita, mas é importante que a saibamos adequar às situações apropriadas, para que não ninguém caia no ridículo.

Por exemplo, há um falecimento de um qualquer conhecido, chegando ao velório será de todo pertinente comentar "Eish, que falecidade para aqui vai.". Numa outra ocasião, em que sejamos vítimas de um sinistro que nos ampute do abdómen para baixo: "Sinto uma certa falecidade que me invade". Após mandar uma chumbada no galo da vizinha: "Estavas mesmo a precisar que te desse um bocado de falecidade que me andavas a irritar todos os dias às 5 da manhã". Depois de apanharmos o cônjuge em flagrante adultério: "Ou me desapareces da vista ou descarrego a minha falecidade toda em cima de ti!"

Existem locais em que não tenho dúvidas que a expressão irá virar moda, morgues, cemitérios, hospitais, psiquiatras, estádio da luz, enfim locais onde a expressão felicidade tem todo um novo significado com a bela da falecidade.

Despeço-me, então, de si que me acompanhou nestes 3 minutos de leitura, desejando, de resto, que não faleça, pois de contrário não poderá divulgar por esse mundo fora a falecidade, e quem sabe fazer dinheiro com esta ideia fabulosa.

Assinado,

Pedro Almeida.

1 comentário:

Unknown disse...

Tu é que andaste falecido nestas andanças! E podes crer que para muita gente foi uma felicidade! No entanto, devo dizer que a falecidade da coisa está bem vista! Bem, vejo-te no blog outra vez daqui um ano, né? Até para o ano então :D