sábado, maio 05, 2007

El gran' discurso

Meus caros um blog escrito é o contrário de um blog por escrever. Muito trabalho, pouca vontade, mas deixo-vos aquele que foi a lapada do ano lá p'ros lados dos moliçais.

"Muito boa noite caríssimos. Aqui nos reunimos para celebrar um evento que, assim o diz a tradição, se pretende revestido de um espírito crítico, satírico, ainda que não destrutivo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mantêm-se as pessoas, perduram as misérias.


Meus senhores e minhas senhoras, de uma forma construtiva, permitam-me que vos diga que vivemos num país de tristes. Outrora fomos grandes, descobrimos as Américas (ou parte delas), dobramos África, carregamos especiarias da Índia, conquistamos Macau e até recentemente se encontraram documentos que nos dão como sendo os primeiros chegados à Austrália. Outrora selvagens, escravizamos, recheamos os cofres com o ouro que saqueamos, estabelecemos importantes rotas económicas por via marítima e terrestre, éramos uma das nações mais poderosas à face deste planeta. Mas, de uma forma construtiva, permitam-me que vos diga que vivemos num país de tristes. Outrora ricos e influentes, esbanjamos, actualmente pobres e discretos, pedinchamos. Reza a história que o Lusitano é um povo marcado pelos Fados para grande feitos, no entanto, a capacidade natural de gestão do português coloca-o impreterivelmente em desvantagem.


Cedo se definiram as fronteiras. A sociedade portuguesa, ainda que devastada numa primeira instância pela peste negra, (re)ergueu-se. Construímos palácios, mosteiros, desperdiçamos em banquetes, resistimos a franceses, aliamo-nos aos ingleses (na mais antiga e infeliz aliança de sempre), destronamos a monarquia para dar lugar a uma república, importamos macacos para dar conta do epidémico número de bananas, sofremos na pele de um ditador mas passamos ao lado de duas grandes guerras, fomos de encontro à restante Europa que nos parecia querer fugir, elogiaram-nos pela organização de eventos culturais e desportivos. Tivemos governantes muito maus, outros maus, alguns menos maus e um ou dois que quase que poderíamos dizer que não eram tão maus como isso mas por uma questão de coerência digamos que simplesmente não eram bons.

Outrora erigimos em montes, castelos que nos protegiam dos invasores, no panorama actual, aliado às políticas de reinserção social, protegemo-nos enclausurando os que se dizem excluídos em bairros. Condenamos e recorremos do preconceito, fomos e somos vítimas da nossa própria ignorância. Claro que temos determinadas vantagens, habitações mais baratas, disponibilidade de todo um rol de estupefacientes e a preços mais acessíveis, tecnologia de ponta que inclusive já pode ter sido nossa algures no passado.


Mas Portugal é um país muito mais seguro do que o era há 20 ou 30 anos atrás, se não vejamos que é muito mais seguro o facto de hoje, ao sairmos de casa sermos assaltados do que o era naquele tempo.

Outrora o ensino era gratuito e acessível, pronto estava a brincar, passemos à frente. Se vos perguntasse muito directamente “Qual o estado do ensino em Portugal?”, que me diríeis vós? Uns provavelmente diriam “portantes, nisto há um professor, depois metem crianças, umas cenas na mão com letras e avaliam-se coisas.” Por muito que não possa discordar, permitam-me que vos transmita a minha humilde opinião, o ensino hoje em dia, passa por deseducar as crianças em relação àquilo que aprendem com a televisão e com os pais. Perdão, com os pais não uma vez que a juventude só aprende com televisão, já que não tem relação com os pais. Hoje em dia um pai se quiser ver o filho, tem que ir ao hi5, se quiser falar com ele tem que deixar o endereço do correio electrónico num comentário no perfil ou numa das fotos.


Outrora o rigor de quem ensinava levava a que por vezes uma reguada bastasse para impor um método ou somente a ordem, nos dias de hoje uma reguada não basta, é preciso bater com mais intensidade no professor se não ele não se cala.

Mas não fosse a escola como poderiam as jovens raparigas manter o estilo característico da faixa otária, perdão, etária, vulgo “fashion”? Como saberiam elas se é “fixe” combinar o casaco prateado, com a fita dourada, os sapatos verdes e as calças amarelas? Como poderiam comprar todos aqueles acessórios inúteis a que ninguém dá valor mas que as tornam especiais face às adversárias, vulgo amigas para sempre, se não tivessem aulas a que faltar. Como iriam elas encher os diários fotográficos cibernautas, vulgo fotologs, se não tivessem visitas de estudo onde se pudessem exibir.

Minhas senhoras e meus senhores, talvez vivamos num país de tristes, mas é um país onde é bom ir à escola.

Todos os dias vemos alunos do secundário e/ou primário pelo campus da universidade, é curioso e triste constatar que para maioria aquele será o único contacto com o ensino superior. Se inquiríssemos estes jovens para que nos entoassem um pouco do hino, o mais provável era que nos saísse qualquer coisa do género: “Heróis do mal, nobre povo, super guerreiro imortal, és o nosso herói Songoku.”

A um nível superior, o ensino não me preocupa. À parte das ementas andarem a ser alteradas, posso muito bem andar a comer sandes até acabar o curso que no final, meto-me num regional, apanho o metro e vou buscar o canudo à Universidade Independente.

Mas este pequeno país não é só problemas com minorias e com o ensino, felizmente existe todo um conjunto de situações que nos mantém entretidos e com as quais contribuímos de forma positiva para a imagem negativa que eventualmente o restante globo tenha acerca de nós.

De resto somos os primeiros a subvalorizar os talentos que emergem, por exemplo, no panorama musical. Ao invés de investirmos na cena nacional e apoiarmos as revelações que surgem a todo o momento, preferimos enterrá-los, espezinhá-los, cortar-lhes as pernas quando ainda estão a aprender a andar e desse modo, optamos por descarregar os álbuns da “Internet”, retirando o pão da mesa destes artistas. E pergunto eu, como queremos dar oportunidade a mestres criativos que desbotam qual ervas daninhas, como seja o Mickael Carreira, se em vez de lhe darmos um euro por cada vez que lhe compramos um cd, formos roubar essa mesma obra prima, roubando assim também um pouco da alma do pobre Mickael.

Somos bons, temos bons valores, valores confirmados, pessoas que ganham prémios, prémios importantes, actores com carisma, actores que desempenham papeis e são reconhecidos, actores como o Cláudio Ramos que nos fazem acreditar que hoje se ganha um globo de ouro, amanha um Óscar.

E para enaltecer o espírito luso, a RTP promoveu um concurso que visava eleger o melhor português de sempre, entre candidatos mais ou menos dignos, singraram na final 10 personagens marcantes. O povo votou e ficou o registo do bom sentido de humor de uma nação que proclamou como herói o indivíduo que os oprimiu durante 40 anos.

Meus senhores e minhas senhoras, de uma forma construtiva, tentei dizer-vos que vivemos num país de tristes. E apesar da extensão do meu discurso talvez não tenha focado metade das dificuldades que nos atormentam, mas não fossemos nós portugueses com a nossa inexcedível aptidão para o “desenrascanço” e capazes de contornar qualquer obstáculo, nem que para isso seja necessário montar a barraca e puxar do braseiro e das sardinhas. E porque é necessário preservar esses bigodes e essas panças, manter os copos cheios e as nódoas na camisa que eu digo, somos um país de tristes, mas são os nossos tristes e é com eles que vamos andar para a frente.


FORÇA PORTUGAL!"


6 comentários:

Unknown disse...

A isto chama-se voltar em grande! Assim vale a pena esperar cerca de 10 meses para ler-se alguma coisa neste blog... hmm, blog! -.-

Bem, vai para político... Ah, mas antes disso apanha o metro até à Independente!

Paulo de Almeida disse...

Reforço as palavras d meu colega e amigo Leandro Soubast: mas q grande regresso... o período d hibernação em q estiveste durante praticamente um ano fez t maravilhas, apesar d q ja escrevias bem e c piada.

Mas ora bem, vamos la deixar nos d mariquices e focar o post em questao. Infelizmente concordo ctg... somos uns tristes e provavelmente ate merecemos todos os desastres q temos no nosso país, ms temos uma capacidade inata d encaixar esse msm facto d sermos tristes e ate gozamos c essa realidade... s isto n é ser grande entao n sei o q será.
Tiveste claramente bem em todas as coisas q falaste, mas aquela onde m ri mais foi na d Hino... infelizmente a juventude ta perdida e eu claramente m excluio dela... e bla bla bla, n quero insultar mais os amigos d nosso colega ali em cima...

E como bom Português q sou m despeço dizendo q o S. Antonio ja s foi, ms o S. Joao ja ta quase aí, e ha mt camisa em casa q ainda n tem nodoa em cima, portanto é puxar d braseiro, das sardinhas e/ou feveras, d bela d cerveja e toca a gozar c a nossa condiçao d tristes...

O País precisa de nós.
Força aí ó Engenheiro... espero q sem ser atraves d Independente.

E Força Portugal.

José Carrancudo disse...

Infelizmente, este Governo sabe tão pouco da Educação como os seus antecessores, e só se preocupa em poupar dinheiro.

O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendamos vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.

Sr.(a) Leitor(a), p.f. mande uma cópia ao M.E.
email: gme@me.gov.pt, se.adj-educacao@me.gov.pt, se.educacao@me.gov.pt

Anónimo disse...

Acho que num curso de Engenharia estás bem...afinal para se chegar ao governo convém ser Engenheiro...depois passar pela tutela do Ambiente...Tu fazes logo 2 em 1...qual champô...e estás em Engenharia do Ambiente!Parabéns pelo discurso..vim cá parar não sei como e acabei por ler...mas o que achei mesmo giro...foi a barra lateral direita...imaginação!!!
Continua a escrever...
Xauzito!

Unknown disse...

Sinceramente?

Acho que somos uns tristes... PELA MENTALIDADE!

As novas tecnologias não servem de desculpas para que não tenhamos educação ou para que não nos sintamos socialmente aceites! Nada disso! Larguem o computador e convivam como sempre conviveram! E as tecnologias são brutais, ainda assim!

Passando para o campo da política...

Estávamos a precisar de reformas duras! E estou de acordo com o actual governo! A mentalidade do português irrita-me... Sempre que há uma mudança... "Caramba... E agora? Que vou fazer? Esquece... Vou ficar alapado a lamentar-me enquanto recebo o subsídio do desemprego"... Não me neguem isto por favor! Por outro lado há pesoas com inúmeras dificuldades... Bato palmas às reformas na saúde que aos poucos vai melhorando! Quanto à educação, o facto de os professores serem avaliados faz todo o sentido, o ensino melhorará, concerteza! Em relação ao congelamento de carreiras dos professores, tenho que informar-me melhor... A minha mãe é professora e diz-me "Estou tramada, mas reconheço que isto tem que ser feito... Para que, de uma vez por todas, andemos para a frente!". Enfim, como é possível concordar sentindo mesmo na pele?! Talvez tenha alargado horizontes! E não me digam que tem a "vida feita" -expressão estupidamente utilizada por quem nem sabe o que significa-, porque os meus avós foram emigrantes e pouco tinham, a minha mãe -grávida do meu irmão, mais novo... eu já existia- ia todos os dias para Gouveia e vinha! Só pelo amor ao ensino! Não, não era uma menina rica...

Temos que ser positivos (não é um clichê, acreditem)! Temos que nos mexer! Somos maus estudantes? Participemos em conferências, arranjemos part-times! Acredito que serei um bom profissional!

É assim tão utópico o meu pensar?

Unknown disse...

é verdade...

mudei o link do meu blog... agora é http://a-minha-loucura.blogspot.com/

vai dando notícias!

abraço!